Apetece-me actualizar o blog, escrevendo uma confissão de final de ano sem nexo, mas no fundo, verdadeiramente sentida.
A loucura apoderou-se de mim e perturba-me com pensamentos vindos do nada. É este estado que me conduz a uma inutilidade doentia.
Dizem-me que sou um génio… sou criativo, perspicaz e enérgico.
Estes elogios transformam-me num egocêntrico, que chega a roçar os limites da estupidez e da incompreensão.
Aprendi a viver um dia de cada vez… sem pressas e desejos inúteis! Aprecio o mais simples, o mais natural, o mais verdadeiro.
Orgulho-me do que vivi, embora hoje alguns caminhos tivessem sido palmilhados de forma diferente. Não porque foram errados, mas porque há outras formas de chegar lá…
Passou mais um ano… foi tudo tão rápido… e tanta coisa ainda ficou por fazer…
Aguardo 2007 com a certeza de que a minha felicidade está a ser edificada em alicerces fortes e inabaláveis…
O AMOR, que no Ser Humano é sempre imortal, enche-me de esperança e felicidade absoluta!
Enfermeira dos que sofrem, consoladora dos aflitos, conselheira dos angustiados.
Mãe de todos.
Agradeço de tantas graças que nos concedes.
Indigno-me de tua áurea luminosa.
E rendo-te minha homenagem,rainha das águas.
Que contribui caridade e amor,entre todos os seus filhos.
Eu te agradeço senhora Mãe Yemanjá,por me atender nas horas que recorro a teus poderes divinos graças te dou Yemanjá.
Pelas tuas radiações milagrosas, agradeço, dizendo, obrigado por tua proteção constante que tens proporcionando por nossos irmãos que sofrem.
Curvo-me diante de ti e rogo-me, continue dando proteção a teus devotos.
Que dedicam amor profundo.
Que tua áurea bendita continue protegendo e vibrando bondade.
De paz e saúde sobre aqueles que te ajoelham suplicando aos seus pés.
Dai-nos a tua proteção pura e conforto da alma.
Suplico nesta mensagem porque creio em teu poder imenso assim seja.
Minha mãe querida Yemanjá.
Seus filhos chamam-na e saúdam-na:
“Odo Iyá, a Mãe do rio, ela não volta mais.
Yemanjá, a rainha das águas, que usa roupas cobertas de pérola.”
Ela tem filhos no mundo inteiro.
Yemanjá está em todo lugar onde o mar vem bater-se com suas ondas espumantes.
Seus filhos fazem oferendas para acalmá-la e agradá-la.
Odô Iyá, Yemanjá, Ataramagbá
Ajejê lodô! Ajejê nilê!
“Mãe das águas, Yemanjá, que estendeu-se ao longe na amplidão.
Paz nas águas! Paz na casa!”
Antes de esperar que os outros me congratulassem pela passagem de mais um ano (facto por si só, aglutinador de sentimentos depressivos), olhei para o espelho e desejei-me felicidades.
Senti um vazio estranho e constrangedor. Os 29 anos não me pesam absolutamente nada… mas apeteceu-me olhar bem para mim e procurar chegar ao âmago do meu ser.
Choro e lamento o que devia ter feito e não fiz… traço caminhos com destinos marcados, em horizontes firmes e belos.
UM COLO PARA CADA CRIANÇA - AJUDA DE BERÇO
Solidariedade é uma palavra bonita, que deve ser posta em prática. Tenho um sonho desde criança, que é o de participar activamente numa campanha humanitária num País africano. Por isso, decidi abrir espaço no meu Blog para divulgar campanhas e projectos.
Inicio com "Raising Malawi". Um interessante projecto com foco no País mais pobre do mundo!
Nada disso... apenas me comovo mais e mais com a beleza das letras e músicas que pertencem ao meu espólio emocional...
GENTE HUMILDE
Letra:Vinícius de Moraes Música: Garoto/Chico Buarque
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Hoje quero partir por esta estrada... quero tocar o Sol...
Loreena McKennitt - The mummers' dance
When in the springtime of the yearWhen the trees are crowned with leaves
When the ash and oak, and the birch and yew
Are dressed in ribbons fair
When owls call the breathless moon
In the blue veil of the night
The shadows of the trees appear
Amidst the lantern light
Chorus:
We've been rambling all the night
And some time of this day
Now returning back again
We bring a garland gay
Who will go down to those shady groves
And summon the shadows there
And tie a ribbon on those sheltering arms
In the springtime of the year
The songs of birds seem to fill the wood
That when the fiddler plays
All their voices can be heard
Long past their woodland days
Chorus
And so they linked their hands and danced
Round in circles and in rows
And so the journey of the night descends
When all the shades are gone
And at your door we stand
It is a sprout well budded out
The work of our Lord's hand"
Para ver o video, clique na imagem:
Que chegava e partia
Estarmos os dois
Era um calor, que arrefecia
Sem antes nem depois
Sem ninguém para ouvir
Eram enganos e era um medo
A morte a rir
Dos nossos verdes anos
A flor que ainda não era
Como o outono chegou
No lugar da primavera
Um vento de sermos sós
Nascia a noite e era dia
E o dia acabava em nós
Clarice Lispector
Os abutres acercam-se das almas frágeis e ingerem-nas sofregamente.
Ninguém olha para ninguém e tudo é caos...
A solidão e a revolta invadem-me e magoam-me.
Só nas águas claras da ribeira da minha infância encontro paz... e mergulho então na minha existência, para tentar compreender o mundo.
Poema
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
Sophia de Mello Breyner Andresen
Mas afinal, talvez não saiba viver de outra forma.
Sou assim.
É assim que eu sou...
Nada mais interessa...
Hei-de caminhar por trilhos escondidos, onde só as entidades divinas vagueiam...
Beijarei a flor mais pequena e abraçarei a árvore mais forte e vigorosa.
A água da ribeira, há-de cantar a minha alegria...
O pássaro atrevido fará rimas musicadas pelo vento.
E tudo isto... amanhã...
JÁ AMANHÃ...
O meu primeiro pensamento, juro, foi o de constatar que os papéis estavam invertidos... afinal não é ele que ouve em confissão almas sobressaltadas por dores agudas e espantos demoníacos?
A frase fatal parecia não querer sair... "sou gay! Tenho um relacionamento com um rapaz de vinte e seis anos!"
Arrepiei-me todo! Não por falso pudor, mas porque ouvir da boca de um Padre, que afinal também ele se enrola com outra pessoa em momentos de prazer absoluto e proibido, ainda soa a choque... pelo menos para mim, que ainda fui educado (pasme-se), no mais conservador catolicismo.
"Eu amo-o! Não o quero perder... isto é puro AMOR!"
- Mas que amor? E como pode ser puro? E a tua vocação? O Sacerdócio?
Incontáveis perguntas electrificaram-me o cérebro...
- Não te posso responder já... preciso de tempo para reflectir no que me disseste. Quero encontrar respostas... alternativas a esse sofrimento que te devora.
Fiz uma caminhada, li textos Bíblicos, apreciei o pôr do sol e a lua mágica que de noite me iluminava... lembrei a minha meninice e a Freira simpática que me doutrinou. Afinal, ela sempre me falou de um Deus de amor.
Se Deus ama tanto... se Cristo rogou para que nos amássemos uns aos outros, como Ele nos amou, então não podia haver crime pecaminoso nesta relação.
O Amor é o sentimento mais nobre do mundo... é ele que faz girar este planeta na direcção certa (tantas vezes vencido pela guerra, fome, destruição, pobreza...)
Mas e a vocação do meu amigo? Que fazer com o chamamento que ele sentiu quando jovem e que ainda é tão forte?
Pode-se servir a Deus e amar alguém? Mesmo que esse alguém seja do mesmo sexo?
Eu acho que pode...
Há-de haver alguém a latir e a pedir condenação. Já os oiço ao longe, em redor da sacristia:
"Como é que essas mãos conspurcadas ousam abençoar e dar o Corpo Santo do Senhor?"
Mas também oiço Deus, lá do alto:
"Só o Coração limpo Salva! Só o Amor tudo redime!"
AMEN
O tempo que eu queria ficou lá longe... onde as montanhas dormem e os rios secam...
Escapam-se momentos e morrem vivências...
E o tempo não volta, porque ao possuir-me, deixou para trás os relógios gastos e fantasmagóricos que o mundo ainda ousa ostentar.
Hoje de manhã uma amiga minha perguntou-me porque não cheguei a cantar... é verdade... acordo e deito-me a cantarolar gastas canções que me preenchem a alma.
Mas hoje não me apeteceu... o tempo estava cinzento e os pássaros nas árvores, entoavam estranho silêncio. Fui apanhado por um saudosismo angustiante que me castrou as cordas vocais...
Hoje estou mudo...
Hoje os silêncios é que fluem no meu espírito...
Vamos para o fundo e sentimos as nossas forças quebrarem-se com uma agonia brutal!
Parece que nada vale a pena... tudo é vão...
Como desejo que o amanhã chegue, para por fim a esta tempestade de maresia e areia que não encontram praia onde pousar.